Tierra Viva 2011 – Equipe Cristagua

2 03 2011

Nos dois últimos anos fiquei afastada das corridas de aventura, me dedicando 100% ao mountain bike pela equipe da Merida. Foram quase 40 provas, e com elas uma grande experiência. A última prova de aventura que fiz foi o Tierra Viva em 2009. Esse ano de 2011, com a minha saída da equipe Merida, retornei ao mundo da aventura na mesma expedição, o Tierra Viva.

Fui convidada pelo Dani Pincu, argentino com quem já havia corrido o Tierra Viva há dois anos atrás. Dessa vez a equipe vinha com uma formação diferente, porém igualmente forte. Os dois convidados eram ninguém mais ninguém menos que Facundo Romera e Mattias Haedo. Eu sabia da responsabilidade de correr uma prova de 500km numa equipe dessas e por isso me dediquei seriamente aos treinos desde o início do ano.

A viagem do Rio de Janeiro até Villa La Angostura, local da largada, é bastante longa. Basta dizer que saí do Rio na quinta feira e só cheguei em Villa no sábado à noite. Domingo foi o dia da arrumação para que pudéssemos largar na segunda ao meio dia.

Essa prova tinha uma característica um pouco diferente. Não havia equipe de apoio. Havia um acampamento central, onde passaríamos quatro vezes durante a competição. Ali tínhamos uma barraca montada com todas as nossas coisas, incluindo comida e fogareiro. Um outro ponto importante a ressaltar é que, em alguns momentos da prova, a equipe poderia escolher a ordem dos pcs por onde iria passar. Isso significa que a prova correria de forma que ninguém soubesse quem estava em primeiro lugar até chegar aos pcs chaves.

No domingo tivemos o briefing à noite, onde nos foi dado o mapa do primeiro trecho da prova: 35km de canoagem. O resto seria dado à medida que fossemos cumprindo os pcs da prova.

Segunda pela manhã arrumamos as mochilas para a largada e saímos em direção ao acampamento, pedalando nossas bikes. Organizamos tudo e carregamos os caiaques para a praia da largada, aos pés do Hotel Correntoso. Já se notava a ansiedade nos rostos dos participantes. Todos queriam largar e começar a aventura de uma vez.

Minutos antes do meio dia, Guri, o organizador, se posicionou numa lancha e pediu para que todos os atletas alinhassem junto à vegetação na praia. A contagem regressiva, em voz alta e pronunciada por todos, deu início aos 500km de expedição do Tierra Viva 2011.

Entramos no caiaque e saímos remando forte. O lago parecia um espelho e o dia estava lindo. As condições prometiam uma incrível experiência de vida pela frente.

Os 35km iniciais de canoagem foram cumpridos em ritmo muito forte, brigados a cada segundo com duas outras equipes. Ali já conseguimos abrir uma vantagem sobre alguns, e isso nos matinha muito motivados. Pegamos os 5 pcs virtuais do lago e chegamos ao acampamento junto a uma outra equipe. Ali os meninos correram para pegar o novo mapa, as mochilas, enquanto eu tirava a água de dentro dos caiaques, abria os compartimentos e enchia as caramanholas. Foi tudo muito rápido e logo eles apareceram de volta. O Dani já trazia um pedaço de pizza, que caiu muito bem já que a fome batia após as primeiras horas de esforço. Fizemos uma transição rápida e seguimos remando para os próximos 25km na frente da segunda equipe, porém que estava saindo alguns minutos depois para grudar na nossa cola. Esses quilômetros também foram muito batalhados e o cansaço começava a bater. Por sorte estávamos ao fim desse longo trecho de canoagem e, mais uma vez, chegamos juntos com a equipe de Terra Mappal ao PC.

Transição corrida e conseguimos sair na frente para os 70km de trekking. Ainda estava claro e o nosso objetivo era de cumprir o máximo possível com luz do dia. Mais uma vez imprimimos um ritmo forte e seguimos pela longa trilha que nos levaria ao alto da montanha. Na verdade para o alto, para o baixo, para o alto, para o baixo…

A primeira parte foi mais tranqüila e conseguimos correr bastante. Assim que escureceu estávamos numa clareira e paramos para pegar as lanternas antes de iniciar a forte subida. E foi realmente de tirar o fôlego! Era simplesmente MUITO íngreme e, como estávamos junto com a equipe Terra Mappal, seguimos em ritmo puxado. Quando chegamos ao topo tivemos que descer por uma parte complicada, com pedras soltas, e com cuidado para não perder altura e atingir o PC.

Marcamos o primeiro PC virtual e seguimos por um interminável sobe e desce nas montanhas. Em certo ponto nos separamos da equipe Terra Mappal porque cada um elegeu um “melhor caminho”. Mantendo esse pensamento nos encontramos e nos separamos mais uma vez. E foi ali que veio a parte mais cavernosa do trekking.

Procuramos uma montanha careca e bastante redonda, que seria a indicação do ponto por onde deveríamos descer. Eu não imaginava a descida que vinha pela frente. Da mesma forma que subiu íngreme, desceu íngreme. O problema é que alem da inclinação tinha também uma quantidade absurda de pedras soltas. Elas simplesmente despencavam a medida que íamos descendo. Em alguns momentos eu olhava para baixo e só via um buraco negro. A sensação era de avalanche, de que uma placa da montanha fosse desmoronar levando todos nós ao mesmo tempo.

Num certo momento me apoiei numa pedra bastante grande, que parecia estar bem estável. Para a minha surpresa ela rolou. Eu só tive tempo de gritar ao Dani, que estava logo abaixo de mim, para tomar cuidado. Ele olhou para cima, se moveu para o lado e a pedra passou tirando um fino que eu nem gosto de lembrar. Nessa hora botei a mão na cabeça e sentei, suspirando e tentando não pensar no que poderia ter acontecido.

A descida seguia perigosa e cansativa e eu já tinha muita sede por ter ficado algum tempo sem água. A “boa notícia” é de que a gente terminaria dentro de um rio. E depois de bastante esforço isso realmente aconteceu, mas ao contrario do que pensei, não foi uma boa notícia.

Não havia trilha e tivemos que fazer os 3km dentro do rio. Fazia muito frio e a água estava simplesmente gelada. A cada dois passos que eu dava eu caía. As pedras estavam muito lisas. Em alguns momentos cheguei a me molhar até o pescoço. Estava morrendo de frio e a progressão era muito lenta!

Quando finalmente conseguimos pegar uma trilha fora do rio eu nem sentia os pés direito. Era estranho caminhar assim porque as articulações estavam todas duras. Depois de algum tempo fora começamos a aquecer um pouco e já estávamos bem perto do PC. Buscamos bastante e foi bem difícil de achar. Pensamos no tempo que havia demorado para chegar lá e já estávamos desanimados com a posição na prova. Quando achamos o PC veio a boa surpresa: nenhum equipe havia passado por lá! Isso veio como uma dose de energia e seguimos correndo em direção ao terceiro e último PC daquele trekking.

Mais uma ENORME distancia tinha que ser percorrida. Na parte inicial era bastante plano, o que nos permitia correr bastante. Depois veio a subida, já com o forte sol. Mas a subida não era para chegar no PC não! Ela era apenas para cruzar uma montanha, que nos levaria a um vale, que nos levaria a uma outra montanha, onde finalmente estava o PC. Nessa prova não tem moleza!

Percorremos esse longo trajeto da forma mais rápida que conseguimos, mas mesmo assim era muito longe! Finalmente batemos no último PC e dali só faltava descer para o lago. Mas embora o lago parecesse estar logo ali, ele não estava. O trekking era interminável.

Nós já perdíamos a esperança de estar em primeiro. Já se haviam passado muitas horas! Nós apenas encontramos uma equipe. Nosso pensamento era o seguinte: ou estamos muito bem, ou estamos muito mal. E quando chegamos finalmente de volta ao asfalto, nos deparamos com fotógrafos, amigos e inclusive o organizador da prova, Guri. Ali tivemos a confirmação do nosso primeiro lugar! Corremos para a transição e pulamos dentro dos caiaques motivados pelo feito até então.

Mas como nada no Tierra Viva é fácil, os inocentes 25km de canoagem também não foram. O vento fortíssimo entrou, as ondas estavam grandes e passamos ali um dos momentos mais difíceis da prova. Nós remávamos com força. Eu olhava para o lado e o caiaque não saía do lugar. Eu olhava para a água e via a marca das rajadas. Segurava o remo com força e abaixava o tronco para criar menos resistência. O sol começava a cair e o frio ficava mais intenso. Até as baías estavam com ondas e vento. Pegamos todos os pcs com muita dificuldade e finalmente chegamos de volta na praia do Hotel Correntoso. Ali nós teríamos que carregar os caiaques de volta para o acampamento. Eu já estava com hipotermia e não dizia nada com nada. Os meninos me mandaram ir correndo para a barraca p/ botar roupa seca e eu obedeci na hora.

Quando cheguei lá os médicos da prova já notaram a minha situação e me orientaram como fazer. Tirei toda a roupa molhada e me enrolei na manta de sobrevivência. Entrei no saco de dormir e fiquei me aquecendo. Em pouco tempo já estava melhor. Comi um pouco de macarrão quente e assim reverti a situação. Todos nós comemos e decidimos não dormir e sim sair para o trecho de bike.

Primeiro tínhamos que pegar 5 PCs pela cidade de Villa La Angostura, para depois voltar ao acampamento e pegar o mapa do trecho seguinte. Seguimos pedalando e depois de pegarmos o terceiro PC, numa descida bastante longa onde estávamos todos sonolentos, o Facu pegou no sono e se chocou comigo. Eu caí de mal jeito e fiquei no chão um pouco tonta. Caí em cima do braço, que na hora doeu bastante. Depois fui retomando a consciência e a dor foi passando. Me levantei, tomei uma bronca por haver dormido, e acabei ficando bem desperta. Buscamos os dois PCs que faltavam e voltamos ao acampamento para pegar o próximo mapa. Acabamos decidindo dormir uma hora antes de sair para o enorme trecho de bike.

Em uma hora exata já estávamos de pé, prontos para encarar uma longa volta. Ali as equipes também podiam optar pela melhor estratégia: pedalar 130km, fazer um trekking de 20km e pedalar mais 60km ou pedalar 60km, fazer um trekking de 20km e pedalar 130km. Nós escolhemos a segunda opção por pegar o trekking todo com luz do dia. A bike era toda por estrada de terra com cascalho e isso não importava fazer à noite. Pegamos os PCs da bike e chegamos ao trekking. Esse, que parecia inocente pela distância “curta”, também foi uma dureza. Os PCs estavam escondidos atrás de pedras! O sobe e desce pelo terreno técnico se repetia. Nesse momento um helicóptero nos sobrevoou e acredito ter feito imagens incríveis!

Depois de  oito horas chegamos ao PC para pegar de volta as bikes e mantínhamos a liderança, com vantagem de quatro horas para o segundo colocado. Sentamos para comer, nos arrumamos e saímos para o longo trecho de bike. Nosso dever era de tirar uma foto na igreja de uma outra cidade que estava a 35km de lá e voltar. Depois então tínhamos que seguir com os 60km de volta ao acampamento central.

Essa bike foi bastante sofrida também porque pegamos ventos muito fortes de uma tempestade que havia acabado de passar. Quando chegamos finalmente ao PC da igreja, descobrimos uma escola logo ao lado. Já estava tarde (por volta de 22:00), mas como era um colégio interno as crianças estavam brincando lá dentro. Paramos para pedir uma bebida quente e fomos muito bem recebidos por todos. Tomamos uma xícara de capuccino e fomos servidos com churros caseiros! Essas coisas surreais às vezes acontecem no meio das provas.

Subimos nas bikes e começamos a pedalar a nossa longa volta. Quando chegamos ao PC no meio da bike vimos que a segunda equipe tinha acabado de sair. Isso nos mostrou que a nossa vantagem continuava grande, em torno de cinco horas. Também cruzamos com algumas outras equipes, mas que haviam decidido fazer o trecho longo de bike antes do trekking ( a fim de fugir do trekking durante a noite).

Seguimos para os 60km de bike até o acampamento central. Esse sim pareceu interminável. O Dani e o Mattias estavam com muito sono e pedalavam lentamente. Eu seguia na frente e quando olhava para trás não via as luzes deles. Até que uma hora cruzei com uma placa que indicava a distancia para Villa La Angostura: 44km. Esse trecho de bike parecia interminável! Parei para esperá-los e conversamos que teríamos que fazer alguma coisa. Naquele ritmo nos levaria para sempre para chegar. Ou teríamos que aumentar a velocidade ou então parar para dormir. Eu queria muito chegar no acampamento logo e botei força para que terminássemos logo. Nessa hora fomos todos muito guerreiros e focamos nossas energias para completar essa parte o quanto antes. Quando finalmente chegamos no acampamento paramos para dormir mais uma hora. Estávamos morrendo de sono.

Depois de uma hora exata o Facu já nos acordava para sair. Faltava um trekking de 50km e uma canoagem de 40km. Nenhuma equipe havia chegado ainda e nós nos arrumamos e saímos caminhando. Os meus dois joelhos doíam bastante e eu não conseguia pensar em correr naquele momento. O Facu nos deu as opções de fazer o trekking iniciando com uma forte subida para deixar os 11km de plano para correr no final, ou iniciar correndo os 11km para terminar descendo a montanha. Na situação que nós estávamos não conseguíamos começar correndo então resolvemos encarar a montanha.

A subida, mais uma vez, era muito forte. Quando chegamos aos pés do Cajon Negro paramos para fazer um lanche. Apesar do sol forte fazia bastante frio. Já estávamos bem altos.

Seguimos dali para um enorme paredão de pedras. Essa foi a parte mais divertida do trekking, na minha opinião. Era tudo escalada e isso tornou o trecho muito desafiador.

Quando finalmente chegamos ao lugar do PC ele não estava lá. Tudo no mapa indicava que ele tinha que estar ali mas reviramos tudo e não encontramos. Nesse momento não nos restou outra alternativa que não fosse abrir o radio e entrar em contato com alguém da organização. Depois de trocar algumas palavras descobrimos que o PC estava posicionado no lugar errado. Tivemos que ir lá buscá-lo para colocá-lo no lugar correto. Isso nos tomou duas horas preciosas de luz, que veio nos custar muito caro na parte final do trekking.

Seguimos para o segundo PC, mais uma vez num sobe e desce de montanhas interminável. O visual era sempre de tirar o fôlego. Eu acho que a Patagônia é o lugar mais lindo que já fui. A sensação é de realmente estar em outro planeta. É algo inexplicável. As imagens ficam gravadas em nossas mentes para sempre.

Chegamos ao PC 2, ainda com luz, mas havia uma longa caminhada até a base da montanha do PC 3 e sabíamos que seria impossível atingi-la com luz. Para piorar a nossa situação entramos num mato fechado de espinho onde perdemos uma hora para andar algo como 100 metros.

Seguimos correndo pelas partes planas, tentando lutar contra o tempo. Anoiteceu antes que chegássemos à trilha. Paramos para colocar as nossas lanternas e seguimos. Estávamos na base da montanha, só que do outro lado. Ainda tentamos subir varando mato para tentar ganhar tempo mas varar mato naquela região pode ser um tiro no pé. Depois de 15 minutos de tentativa resolvemos descer para a trilha e voltar a circundar a montanha. Estávamos muito longe. Fizemos uma parada de 20 minutos para dormir onde eu fiquei desperta para não deixar o tempo passar.

Quando chegamos ao povoado nos faltava encontrar a trilha da subida. Já era 3:00 e muito tempo já havia passado. Começamos a bater cabeça para achar a subida e um desespero começou a bater em todos nós. Haviam muitas trilhas que saíam para todos os lados e que se juntavam a outras ou simplesmente acabavam sem saída. Parecia um labirinto e quanto mais procurávamos, mais nos desesperávamos. Será que o rumo da prova ia mudar na parte final?

Quando estávamos no limite de procurar, quase decidindo voltar para a trilha para pegar uma outra parte da subida (e que nos tomaria um tempo absurdo), achamos a trilha de subida. Ela estava bem firme e tinha marcas vermelhas nas árvores, justamente identificando a subida do Cerro O’ Conoor. Eu comemorava de felicidade!

Comecei a subir na frente, puxando o ritmo. Nesse momento os três caminhavam em ritmo muito lento, totalmente dominados pelo sono. Me pediram para pararmos para dormir 10 minutos. Mais uma vez eu fiquei acordada, com medo de perdermos a hora. Dessa vez eu tinha bastante sono então sentei num tronco de árvore porque se caso dormisse cairia e me despertaria. Os 10 minutos passaram como uma eternidade e eu pestanejava e sonhava. Passado o tempo acordei todo mundo com um grito de motivação e comecei a subir a trilha, incentivando. Eles caminhavam muito devagar por conta do sono e eu levava todos no grito. Sabia que alguém teria que liderar naquela hora e resolvi fazê-lo. Eu não podia imaginar perder a prova depois de chegar tão longe. A subida era muito puxada. Uma inclinação absurda! Eu seguia dizendo que não podíamos desistir já que lutamos tanto para chegar ali. Nesse momento todos nós acreditávamos já ter perdido o primeiro posto da prova.

Quando chegamos ao topo do O’ Conoor fomos presenteados com o visual mais incrível de toda a prova. O céu estava ficando roxo, sem nenhuma nuvem, e já se começava a ver todas as montanhas e lagoas a nossa volta. Nesse momento refleti sobre o quanto sou privilegiada, por ter saúde para viver uma experiência como essa num lugar desses. São pouquíssimas as pessoas no mundo que tem essa oportunidade e isso me fazia sentir muito especial.

Quando chegamos ao PC no topo mais um presente: Só uma equipe havia passado por ali e essa estava fazendo o caminho inverso que fizemos. Ela nos preocupava, mas o primeiro posto ainda era nosso.

Já com o nascer do sol os nossos corpos foram se despertando cada vez mais e nós começamos a descer em ritmo puxado. Nesse momento o Facu pegou a minha mochila para que eu descesse com mais velocidade. Cruzamos com uma equipe subido, mas ela também estava fazendo o caminho inverso e buscava o seu primeiro PC no trekking. Quando chegamos de volta no povoado nos faltava 11km de estrada de terra e asfalto e fizemos tudo correndo. Só faltava a canoagem e o gosto da vitória começava a se concretizar.

Chegamos ao acampamento e não pensamos muito. Trocamos nossas roupas e saímos para remar. O dia estava lindo e o lago um espelho. Fomos conversando, aproveitando cada minuto daquela incrível aventura que começava a se desfechar. A água tão transparente do lago mostrava a vegetação toda no fundo. Era inacreditável mas havia uma floresta toda por debaixo d’ água.

Pegamos os quatro PCs no lago e remamos de volta para cruzar a linha de chegada. Já podíamos ver uma grande quantidade de gente nos esperando na praia. Quando encalhamos os dois caiaques na areia levantamos as pás dos remos num gesto de comemoração e alivio. Agora era real. Equipe Cristagua havia se tornado a campeã do Tierra Viva 2011.

Foram 100 horas de prova, onde dormimos apenas duas . O desnível positivo acumulado foi de 14,000 metros. Foi uma brutalidade, e no entanto foi uma das experiências mais ricas que já tive. Eu transbordava de felicidade. Saí do Rio de Janeiro com o intuito de ganhar essa prova. Estávamos lá para isso. É claro que as provas de aventura são totalmente imprevisíveis e é impossível dizer qualquer coisa. Existia a intenção, mas daí até conseguir existe um longo caminho. Não se tem outra forma de chegar lá sem ser sofrendo, lutando e vivendo. E nós vivemos intensamente essa semana, como se a vida fosse apenas aquilo. Os lugares por onde passamos, as experiências que dividimos, isso é o que tem o maior valor. Corremos com raça, com garra e com coração. Eu posso dizer que me sinto muito privilegiada e que sou muito feliz. Vivo a vida intensamente e respiro a natureza. A Patagônia vive dentro de mim e espero voltar lá ainda muitas vezes. “Life is an endless adventure!”

Agradeço a todos que me ajudam, que me apóiam, que me acompanham e torcem por mim. Nessa prova senti uma energia muito forte nos ajudando. Era algo inexplicável, algo de outro lugar. Era muito forte. Tenho certeza de que o pensamento positivo de todos contribuiu muito para isso. Obrigada!


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18 responses

2 03 2011
Ricardo Muriqui

Olá, antes de tudo parabéns, acompanhei no site e torci por ti, e lendo seu relato sobre a prova, prova esta que não conhecia bem, fiquei meramente fascinado, talvez seja duro de mais para meus quase 52 anos, participar e agüentar tudo ufa, mas são momentos e fatos como esses teus que me faz refletir do que é realmente viver. E quanto à “energia muito forte nos ajudando”, ela é dos dois lados, vc sente aí e eu sinto aqui.
Abraços….

3 03 2011
manuvilaseca

Ricardo

A prova é uma lição de vida e não existe idade para aprender. Eu posso dizer que as corridas de aventura mudaram até mesmo a minha forma de encarar as coisas. Às vezes achamos que temos um problema, quando na verdade não é nada. Tudo se resolve, basta querer.

Obrigada pela força!

Abraços

2 03 2011
Roberta Portas

Manu,
Realmente você é duro na queda. Difícil dizer qualquer coisa além de parabéns! Ler o seu relato me faz ver o quão determinada e corajosa que você é, mas confesso que prefiro não saber de detalhes como as pedras rolando, pois me assusta pensar que você pode correr perigo. Sabe como é… irmã mais velha é um pouco mãe…
Agora que você está aqui sã, salva e campeã, temos que comemorar!
um beijo

3 03 2011
manuvilaseca

Irmã,
Fica tranquila! Estamos sempre agindo com cautela, o máximo possível para que nada de mal nos aconteça. Obrigada pela torcida sempre!
E aí, patinho laqueado? hehe
Bjoss

3 03 2011
Ricardo

Legal, da até vontade de treinar, arranjar uma equipe e participar de uma prova de aventura, quem sabe o Ecomotion Pro 2011, é vc já está sabendo e ai vai participar? Ai vai o site.
http://www.ecomotion.com.br/emailmkt/pro2011.html

3 03 2011
manuvilaseca

Faça isso então! Não perca tempo!

Eu não vou ao Ecomotion porque tenho uma viagem a trabalho…

3 03 2011
Norma Scaglione

Nossa Manu,
Que loucura, não sei como vc aguenta, sofri lendo o relato, vc é uma MÁQUINA !!! Tínhamos a informação que vcs haviam dormido a noite toda antes do final da prova e só dormiram 1 hora !!!
Parabéns ultra merecido, que esta seja a primeira de MUITAs vitórias.
Bj, Norma

3 03 2011
manuvilaseca

Obrigada pela torcida!!! =)
Beijos

3 03 2011
Rosemary França Gonzales

Deixei comentário na página inicial. Beijus Casal 20 Rose e Cido.

3 03 2011
Rosemary França Gonzales

Nesse Dia Internacional da Mulher 08.03 Terça-Feira de Carnaval Tu és com certeza Manú um exemplo que todas nós mulheres devemos sim nos espelhar Garra Força Determinação e saber que o Limite está somente em nossa cabeça podemos sim alcançar lugares com que sonhamos ou melhor nem imaginamos ser capazes de chegar. BRIGADUU MANÚ MEU ORGULHO DE TER TE CONHECIDO. FORTE ABRAÇO ROSE CASAL 20.

3 03 2011
manuvilaseca

Obrigada Rose! É bom saber que podemos inspirar as pessoas!

Grande beijo

3 03 2011
Rosemary França Gonzales

O comentário da sua Vitória está na Foto Relato Tierra Viva em breve postei lá. Beijus Rose Casal 20.

5 03 2011
Érli

Oi Manu, acompanho tua carreira esportiva des de que vc comecou na aventura correndo com os Paradofobia que foi a equipe que comecei tambem. Vi vc no mtb, expedicao Roraima e de volta a aventura. Muito legal, parabens!! Um dia nos esbarramos por ai em alguma prova. Bom conhecer meninas que como a gente gostam do esporte mas principalmente acompanhado pela natureza.
Parabens de novo!
Bj

6 03 2011
manuvilaseca

Obrigada pela força, Erli! Espero também poder te conhecer um dia.

Beijos

22 03 2011
Cruiff

Parabéns pelo relato e pela prova!!

23 03 2011
manuvilaseca

Obrigada!!!

22 03 2011
Rafael Duarte

PARABÉNS, MANUCA!

Você é uma guerreira!

Muito bacana seu relato. Deu para sentir bem como foi esta experiência contra o relógio. Duro mesmo!

Pode soar estranho, mas pelo que te conheço, mais esta vitória não chegou até o meu conhecimento como uma surpresa. Você no topo do pódio é algo que já estamos acostumados a ver.

Felicidades nas aventuras e que venham muitas conquistas pela frente!

Rafa

23 03 2011
manuvilaseca

Pringlesssss!!!! Adorei que você leu! Que bom que você gostou!
Obrigada pelos elogios =)
Vamos combinar de pedalar mais vezes.
Quinta vai na galeria?
Bjão

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